2. COMO SE PROGRAMA NOS DIAS DE HOJE?
Nos últimos meses, devido ao regime de confinamento, temos vivido num cenário marcado por alterações que se alastraram a todos os setores. O setor cultural não foi exceção e as instituições culturais tiveram que fechar portas ao público.
Como se pode perspetivar o futuro próximo da programação cultural?
Para discutir esta questão, recebemos Elisabete Paiva, diretora artística da associação cultural Materiais Diversos, e Cátia Terrinca, diretora artística da associação cultural Um Coletivo.
No Vale do Tejo, a Materiais Diversos, que não tem um programa regular demasiado intenso ou espaço próprio, encontrou soluções diversificadas ao dialogar com os seus parceiros locais e com os artistas. Através de telegramas áudio exploraram os bichos que habitam o universo da tradição oral com crianças e idosose, com postais fizeram residências artísticas e criaram uma nova rúbrica de reflexão teórica. Elisabete Paiva explica-nos que “não poder fazer o trabalho em presença é, de facto, brutal”.
Em Elvas, também a associação Um Coletivo teve que repensar nos seus processos artísticos, contrariando o gesto imediato de virar as pessoas para os computadores. Através da rádio, promoveram um ciclo de teatro radiofónico e outros objetos acústicos e estrearam JúliA., uma peça criada no âmbito do teatro filmado da RTP2. Contudo, Cátia Terrinca não entende “o espaço do Um Coletivo como um espaço iminente de programação”, pois embora também o façam, a associação cresceu com o objetivo da criação artística.
Pensamos neste tempo, em “igualdades” e “desigualdades”, na importância de habitar o território e no campo artístico como um espaço afetivo, “resiliente” e “inventivo”. Mas, afinal, qual é a importância da Mediação Artística e Cultural nestes contextos?
“A mediação cultural e artística é tão importante tanto quanto possa desaparecer.” “O espaço da mediação é um espaço de intermediação.”